domingo, 1 de janeiro de 2012

O mar

Nunca houve muita honestidade, nunca existiram muitas verdades concretas. Até que o fim veio e ponto. Cabou-se o mundo de João e João. Ato falho... Apenas o primeiro João perdeu o mundo.
Eram 00:48 do último dia do ano. Era o começo do fim do ano, o começo do fim de João. Tocava uma música estranha, aquela cama também era estranha e até mesmo o ar parecia esquisito.  Era a falta de João.
Tudo iria sempre parecer estranho: o quarto, a cama, o mar, o mundo. Todos os prazeres desfeitos em frações de segundos, prazeres desfeitos enquanto as malas d'outro homem eram feitas. Será que nessas malas iam também os sonhos, as vontades, o mar, o amor, o mundo? não.
Roupas, livros, Cds, sapatos... tudo isso cabia. Mas não sobrou um minúsculo espaço para nenhuma lembrança. Que dó do mundo que ele abandonou.
Que dó do mundo vindouro.
Seriam encontros sem emoções, camas sem amores, mares sem tormentas - pelo menos pra um dos dois. E tudo que João mais queria era afogar-se num mar azul, gelado, sem fim, sem fim, sem fim...