quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A solitude pós-calmaria


Era como se fosse o sono após a tormenta, o abraço. Ele havia esperado tanto. Agora, longe, ele sentia o quanto fora recompensante, ele havia mudado o seu dia, quiça, sua semana. Um simples abraço, simples, mas cheio de medos, angústias e, ao fim, depois do aperto, a paz. 

Tentava, sem sucesso, coitado, lembrar do cheiro que havia sentido. Aliás, não havia cheiro. Ele queria, de todas as formas, lembrar de algo que marcasse: o calor, o aperto, o cheiro. Mas não, nada disso, pelo menos naquele momento, lhe vinha à memória. Que droga, era o que ele mais queria. 

Se nada além daquela sensação lhe vinha à mente, o que ele poderia fazer? Sentou no chão frio e chorou. Minutos disfarçados de horas correram, transcorreram da mesma forma que o choro, com dor e sem nenhuma complacência. O tempo não tem paciência para quem chora. 

sábado, 12 de janeiro de 2013

O vazio relativo

Um dia ouvira de alguém que "até mesmo um copo vazio está cheio de ar". Mas que empáfia, pensara. Não, ele não havia como parar de pensar nisso. Era dia e noite, noite e dia. Amadurecendo a ideia, trouxe pro lado pessoa. Não se imaginava copo, não. Era louco, mas não nesse ponto. Mas havia sim uma semelhança. Estavam - ele e o copo ou ele e alguém? - vazios.  E se aproximavam-se por aí, ele tinha certeza que se distanciavam em outro ponto. Ele tinha o coração vazio de amor, mas cheio, muito cheiro, transbordando, de alguém. Alguém que ali não cabia mais, alguém que transbordou, caiu e saiu de onde deveria estar.